quarta-feira, 1 de setembro de 2010





Coração é terra que ninguém vê



Quis ser um dia, jardineira

de um coração.

Sachei, mondei - nada colhi.

Nasceram espinhos

e nos espinhos me feri.



Quis ser um dia, jardineira

de um coração.

Cavei, plantei.

Na terra ingrata

nada criei.



Semeador da Parábola...

Lancei a boa semente

a gestos largos...

Aves do céu levaram.

Espinhos do chão cobriram.

O resto se perdeu

na terra dura

da ingratidão



Coração é terra que ninguém vê

- diz o ditado.

Plantei, reguei, nada deu, não.

Terra de lagedo, de pedregulho,

- teu coração. Bati na porta de um coração.

Bati. Bati. Nada escutei.

Casa vazia. Porta fechada,

foi que encontrei...



Cora Coralina

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